sexta-feira, 25 de março de 2011

SITUAÇÃO DRAMÁTICA I - O UNIVERSO DA OBRA TEATRAL

Vou repetir a meu modo o que disse Gastón Baty em seu O TEATRO E O UNIVERSO A SER EXPRESSO: Pra se ter bom teatro, é preciso que o universo da obra seja vastidão muito real,  enormíssima, e ultrapasse de muito o universo dos acontecimentos vistos no palco.
Olha só:
Priscila fica conhecendo Sitaram.
Um se agrada do outro.
Ela joga um sete um, ele faz que resiste, entra no jogo.
Nada do passado ou da vida deles emerge.
Ainda assim acabam se enroscando.
Pode ser interessante, pode nos agradar ver uma cena dessas, vemos que os dois atuam bem, elogiamos.
Mas é teatro?
Vamos a outro exemplo: dois personagens, Ethel e Henrique, após algum rodeio acabam se entendendo.
Mas há uma porta que pode se abrir a qualquer momento. 
Os dois personagens têm um passado, uma vida em comum.
Do lado de fora, súbitos aguaceiros e ventania.
Do outro lado da porta pode estar o namorado daquela moça que se aventura num caso fortuito.
Eles temem que a porta se abra, mas se arriscam.
É teatro? Sim.
É deste modo que concordo com o Gastón Baty: se o universo da obra não invade o universo do palco (microcosmo cênico) não existe teatro.
O que vale mesmo é a relação fundamental entre o cosmos da obra e seu pequeno núcleo estelar de personagens.
Temos que levar isso em conta em nossa escritura.

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